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quarta-feira, 23 de julho de 2008

LIVROS - FERNÃO CAPELO GAIVOTA

Um hino à Liberdade: Fernão Capelo Gaviota – Richard Bach

O livro conta a história de Fernão Capelo, uma gaviota que era diferente das outras simplesmente porque fazia o que gostava de fazer: voar. E sempre tentava voar mais alto e mais rápido, sem se importar em sem como as outras que sempre lutavam entre si por peixes do barco pesqueiro.

A sua família não via com bons olhos o que aquela gaviota fazia, insistiam muitas vezes para Fernão ser como as outras, e bem que ele tentava, mas logo voltava aos seus testes de voôs mais altos, mais velozes.

E de tanto insistir um dia caiu, quase morreu e prometeu para si mesmo desistir. Voltaria para casa, tentaria ser como as outras, viveria frustrata para sempre pois não conseguia voar tão veloz como outros pássaros de outras espécies por causa da diferenças das asas, suas asas eram diferentes das dos outros pássaros. E, pensando nisso, um lampejo percorreu seu cérebro e percebeu o ponto em que estava errando, e esqueceu a promessa feita a si mesmo e tentou novamente, e alcançou sucesso. E demonstrou a sua nova habilidade de voar mais alto e mais rápido do que qualquer outra gaviota para seu grupo, queria mostrar o que descobriu, queria levar à luz do conhecimento, aos sonhos de um vôo mais alto e mais rápido.

Entretanto, o grupo o expulsou, dizendo que ele foi contra a tradição, fez o que as gaivotas não deveriam fazer, que era tarefa delas somente viverem para conseguirem comer para não morrer, comer para reproduzirem, comerem até que um dia morram. E Fernão partiu sozinho para seu exílio, triste, sim, pois seus irmãos não percebereram a revolução que fizera. Mas feliz, pois agora podia voar sem nenhuma outra preocupação.

É como no mundo profissional de hoje: se trabalhamos numa área que não gostamos, vivemos sempre frustrados, mas prosseguimos porque precisamos de dinheiro para comprar comida, precisamos de dinheiro para criar uma família, precisamos de dinheiro até para morrer. E se fizermos o que gostamos, logo outros querem nos prender, dizer que é preciso seguir as regras, que ser inovador não tráz estabilidade, que não é seguro. E isso parte de todos, da família até de amigos próximos: se deixar-nos prender numa situação, logo queremos prender outros também na mesma situação, pois estaremos frustrados demais para aceitar que outros voem o vôo que não nos foi permitido.

Se a história de Fernão terminasse naquele ponto já seria uma bela metáfora. Mas poderia levar as pessoas a escolher entre seguir um sonho, fazer o que se gosta e ficar sozinho pelo resto da vida e não seguir o sonho, mas ficar sempre acompanhado. Só que Fernão não estava sozinho. Ele, de tanto voar, de tanto aprender sobre si mesmo, acabou encontrando outras gaviotas que também voavam mais alto, mais rápido, mais longe. E aprendeu mais coisas com elas, aprendeu tanto que chegou a saber mais do que as mais antigas, mas nem por isso deixou o orgulho elevar a alma: sempre desejava aprender mais e mais e nunca se achava superior às demais, nem mesmo perante as gaviotas que não voavam tão alto quanto elas.

No nosso mundo sempre iremos encontrar pessoas inovadoras que também tiveram suas idéias questionadas, seus ideais contestados. Mas de nada adianta ser uma delas se não nos mantivermos humildes perante toda diversidade que podemos encontrar, não importa o grau do talento que temos. Fernão não se sentia superior nem mesmo às gaviotas que não voavam alto indica que nós, como sonhadores e inovadores, precisamos enxergar as pessoas como capazes de se livrarem de suas amarras de segurança e partirem para o céu em busca de horizontes mais amplos.

Mas nem tudo é azul. Quando ocorre um acidente e o melhor aluno de Fernão é dado como morto, mas este “volta” à vida, as gaivotas do grupo ou chamam Fernão de demônio ou de “grande gaviota”, ou deus. Esse episódio remete a histórias bíblicas, talvez feito de propósito pelo autor. Mas o fato é que, no decorrer de nossa trajetória, quando seguimos na nossa inovação, no nosso sonho e/ou no que gostamos, algumas coisas irão acontecer que poderá nos fazer questionar profundamente se estamos seguindo realmente um caminho certo. Fernão mostrou-se calmo, bem como seu aluno, em aceitar as barreiras vencidas e as derrotas sofridas, pois o mundo é grande demais e nem todos podem ver a luz do céu ou o horinzonte que se perde ao longe.

Fernão continuou com sua jornada para aprender mais, deixando o cargo ao seu discípulo para que ele faça outras gaviotas descobrirem os vôos mais altos e mais rápidos, as acrobacias e as brincadeiras. E não quis ser endeusado. Assim, por mais que tenhamos atingido o ápice, por exemplo, dentro de uma empresa, devemos sempre pensar na pessoa que irá tomar nosso lugar para prosseguir com o projeto, pois somos livres para continuar a voar mais longe, mais alto, deixando para trás somente uma semente do nosso sonho, para germinar em outras novas gaviotas.

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