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sábado, 5 de julho de 2008

Conto - O Mendigo - Parte II

Minha mão atravessou o trapo humano, a bola e o menino atravessaram o trapo humano, as câmeras do condomínio não gravaram o trapo humano, só eu via o trapo humano!! Por quê? Por quê? Por quê?


Nem a cerveja nem Jack Daniel´s me ajudaram a recompôr as idéias. Nem mesmo voltei para meu apartamento. Passei a noite num pequeno hotel próximo da avenida Paulista. O que era aquilo, eu teria enlouquecido? O mendigo não existia? E como era possível que eu tivesse sentido o cheiro, que eu visse aquele trapo humano no chão???


O que Freud poderia dizer de uma situação destas? Provalvemente que eu ignorei minha mãe e por dentro estava me sentindo um miserável... ou me sentia um miserável porque eu sentia atração pela minha mãe... cara, às vezes Freud mais complica do que explica...


Muito bem, vamos raciocinar: meu apê fica perto da Liberdade. Liberdade, bairro oriental. Oriente, Japão. Japão, muitas histórias de espíritos. Sim, pode ser. O Alexandre é que gosta dessas histórias, ele é que ia gostar disso. Mas nunca vi mendigo japonês. Ainda mais mendigo fantasma japonês...


Bom, tem uma rua perto do apê que é a Rua do Bixiga. Bixiga remete à italianos. Fantasmas italianos. Mas fantasma italiano é coisa que nunca ouvi falar, pensando bem. Sei dos fantasmas japoneses por causa daqueles filmes de terror, dos fantasmas americanos por causas de outros filmes, de espíritos franceses, de reis da Espanha e de Portugal, do lobisomem americano em Londres... mas fantasma italiano...


Ok, Brasil, São Paulo. Vejamos. Zé do Caixão. Sim, tá mais para cara dele. O trapo humano, o cheiro desgraçado de urina e fezes, São Paulo. Hum... não, ainda falta as pragas dele, e o mendigo só roncava...
Pelo amor de Deus, estou delirando aqui, tentando achar uma explicação para aquele mendigo. O que ele pode ser? O que ele pode não ser? Ou será que o problema não é ele, sou eu? Eu estou ficando louco? Ou algo parecido?


Continua

2 comentários:

Priscilla disse...

Achei muito criativo sua história pena que o final fica a cargo do leitor, ou não? rsrs

Alexandre disse...

Quem sabe eu não publique depois... é que aconteceram umas coisas e parei a história... :P