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terça-feira, 22 de julho de 2008

LIVROS - FEITAS PARA DURAR

Feitas para Durar
James C. Collins
Jerry I. Porras

Feitas para Durar segue o mesmo estilo dos outros livros dos autores, sendo que Feitas para Vencer dedicava-se ao Homem e Empresas Feitas para Vencer, à empresa. Mas este, consirado por Collins como posterior à Empresas Feitas para Vencer, como escreveu naquele livro, procura mostrar os pontos fortes para a preservação e perpetuação de uma empresa, baseando-se sempre em dados estatísticos de empresas visionárias.

Sua base de pesquisa estendeu-se por diversas empresas, obedecendo determinadas regras, para que todas fossem analisadas do mesmo modo, a fim de localizar os valores eternos de gerenciamento, e os resultados, de acordo com os autores, foram reveladores, bem como foram as conclusões obtidas nos livros anteriores: nem sempre o que pode ser considerado correto e mais factível é a verdade por trás da história das empresas.

Confúcio conta que, se dermos um peixe a um faminto, o alimentamos por um dia, mas se ensinarmos a pescar, o alimentaremos por toda vida, podemos dizer que as empresas visionárias tendem a dar as ferramentas (como pescar), e não impor as soluções (dar o peixe). Entretanto, é preciso oferecer as ferramentas corretas para se chegar ao objetivo desejado, e, assim, o que é mostrado no livro não é oferecer ao leitor a fórmula da transmutação, e sim alguns conceitos que o ajudem na transformação.
Da mesma forma que o bom é inimigo do ótimo, as empresas visionárias, empresas admiradas e que trouxeram impacto significativos ao mundo a sua volta, atingiram este grau não por nascerem assim, mas por seguirem seus valores centrais, preservando a ideologia central, se arriscando, tentando superar primeiro a si mesmo antes de superar os concorrentes, etc. Elas possuem ótimos líderes, mas não dependem deles para sobreviver, para durar. E todas já passaram por problemas, mas tiveram capacidade de recuperação, conseguindo dar a volta por cima das adversidades. Seus resultados podem ser vistos no seu desempenho a longo prazo.

O autor cita como um dos conceitos fundamentais a ideologia central nas empresas visionárias e no seu comportamento para preservá-las e transmití-las por toda organização, para que todos conheçam a cultura da empresa. Esta é composta pelos valores centrais, que são as doutrinas essenciais e duradouras de uma empresa, e pelos objetivos, que são os motivos fundamentais da existência da empresa além do simples lucro.

Mas, apesar de fundamental, a ideologia central por si só não torna uma empresa em empresa visionária, bem como ter as ferramentas incorretas para a tarefa. A própria empresa precisa aceitar as mudanças quando necessário, sem alterar suas crenças básicas, a medida que for progredindo na vida corporativa. E, para que haja progresso, é preciso que haja um impulso interno, uma necessidade de ir adiante sem precisar de uma justificativa externa, numa autoconfiança na busca pelo melhor, e numa autocrítica em mudar antes o mundo externo perceba esta necessidade. E nisso reflete-se muito bem a genialidade do E que a empresa precisa praticar: a mudança com a preservação, a busca pela harmonia em tudo, a preservação do núcleo e o estímulo ao progresso.

Neste ponto, o autor explica a respeito de cinco métodos específicos para esta harmonia: metas audaciosas, cultura de devoção, tentar várias coisas e aplicar o que der certo, gerentes treinados internamente e nunca é suficiente.

Metas audaciosas todas as empresas possuem, mas nem todas se comprometem com elas. Uma meta audaciosa explica-se por si só, estimulando as pessoas a dedicar-se à ela, sem necessidade de treinamento. São as metas que as pessoas certas no barco seguem e tentam atingir, é a motivação que move os funcionários. Ou seja, é preciso que haja uma cultura de devoção às metas da empresa, compreender sua estrutura e onde ela quer chegar.

As empresas visionárias nunca atingem o sucesso numa primeira tentativa: sempre sofreram com tentativas frustradas, por diversas vezes, até que encontraram o ponto certo. Tentaram de tudo e aplicaram o que deu certo, como numa espécie de evolução natural para empresas, em que o aproveitamento de certas oportunidades foram direcionando a instituição para seu caminho correto. Da mesma forma que em Empresas Feitas para Vencer, primeiro é preciso colocar as pessoas certas no barco para depois decidir aonde chegar, pois, com as pessoas certas, as decisões são tomadas, não há o medo de errar e cada um sabe como lidar com as ferramentas.

E, mais uma vez, o outro próximo item, ter gerentes treinados internamente, também está presente no livro citado anteriormente, que um profissional vindo de dentro da empresa terá melhores condições de entender sua cultura e suas metas do que alguém vindo de fora, pelos resultados da pesquisa dos autores.

Da mesma forma, o quinto método, nunca é suficiente, retorna ao fato do comodismos frente ao sucesso: as pessoas tendem a se sentirem confortáveis quando a empresa parece prestes a atingir as metas estabelecidas, e isso as deixa mais relaxadas, permitindo que outras empresas consigam ultrapassá-las. Por este motivo, as empresas visionárias possuem mecanismos para causar o desconforto: uma espécie de alerta para manter seus funcionários sempre correndo atrás do objetivos.

O último capítulo os autores procuram explicar, de forma resumida, os conceitos apresentados sendo aplicados na prática: manter um grupo de funcionários que possua as identificações com a empresa, explorar as situações do dia a dia para corrigir ou melhorar a eficiência deles, não diversificar demasiadamente para não perder, não fugir de sua ideologia central para não cair em descrédito e manter as exigências universais enquanto inventa novos métodos.

Tanto Empresas Feitas para Durar quanto Empresas Feitas para Vencer apresentam aspectos semelhantes, como foi explicado no segundo livro pelo autor, mas, exceto pelos capítulos em que foram detalhados e explicados os pontos, basicamente poderíamos reduzi ambos a um único, e a comparação deveria ter sido feita neste, e não no anterior, como foi feito.

Fora isto, a impressão do livro comparando com Feitas para Vencer foi melhor, em termos de aproveitamento, pois apresentou dados mais concretos, bem como os métodos de análise e pesquisa, como apresentado também em Empresas Feitas para Vencer, entretanto fica pendente ainda o fato de apresentar empresas que foram fundadas antes de 1950, sem considerar as empresas fundadas posteriormente e que estão inseridas num mundo totalmente diferente daquela época. A pergunta mais relevante neste momento seria se essas características consideradas eternas pelo autor realmente se manteriam para o mundo de hoje ou será preciso novos dados para serem analisados?

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