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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Teste seu Reflexo

Chateado? Vá pescar... digo, vá jogar.

http://www.i-am-bored.com/bored_link.cfm?link_id=22900

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O Futuro das Interfaces

Vídeo antigo, mas interessante.

http://video.google.com/videoplay?docid=884017118027634444

terça-feira, 29 de julho de 2008

Camões

O Vestibular da Universidade de São Paulo cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de um poema de Camões:

' Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.

Uma vestibulanda de 19 anos deu a sua interpretação em forma de poesia:

'Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicose
Prozac para a depressão..

Compravas um computador,
consultavas a Internet e descobririas
que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!'

Ganhou nota dez.Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era falta de mulher...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Site

Segue um site interessante enviado pela Dê, que a estas horas está lá na Alemanha curtindo sua vida... e o trabalho, claro...

http://www.viomundo.com.br/bizarro/no-oceano-pacifico-bolha-de-plastico-e-marca-do-homem/

As coisas não andam fáceis mesmo para o organismo vivo chamado Terra...

Filmes - Batman

Arrecadando muitas críticas positivas, o novo filme do Batman realmente tem muitos pontos positivos, boas atuações e, principalmente, entra no espírito do "Cavaleiro das Trevas", de Frank Miller.

Clássico dos quadrinhos, O Cavaleiro das Trevas marcou as HQs devido ao tom adotado pelo autor. Bruce Wayne desistiu de batalhar nas ruas e fez Batman sumir das ruas, e seu ato acabou sendo seguido por outros heróis. Resultado: uma Gothan tomada pela violência, corrupção e gangues.

Nesse ambiente é que Batman retorna, depois de muito lutar internamente com Bruce Wayne. Porém, seu retorno também trás velhos inimigos de volta à ativa. E é essa a idéia do novo filme.

No novo filme, a presença de Batman fez com que os criminosos se organizassem, que outros justiceiros aparecessem para resolver os crimes com as próprias mãos, que a polícia sofresse por não conseguir atuar. São os efeitos negativos do surgimento de um herói.

Longo filme, mas vale a pena. E como todos disseram, a atuação do novo Coringa é realmente ótima, assustadora. E seu truque de desaparecer com o lápis, grandiosa.


http://www.youtube.com/watch?v=WaIR9dAZRR0

domingo, 27 de julho de 2008

LIVRO - ZUMBI

Zumbi
Joel Rufino dos Santos
Editora Moderna 1985 Coleção Biografias

Em 1597, quarenta escravos fugiram de um engenho no sul de Pernambuco, fato que chamou atenção pelo número de fugitivos e pela decisão que tomaram antes da fuga: matar toda população livre da fazenda.

Eles andaram sem se importarem com o território desconhecido, até chegarem a um morro de onde podiam enxergar o mar e qualquer um que chegasse pelos quatro cantos. O solo era fecundo, o clima era agradável e boas eram as águas, mas haveria sempre o medo da invasão por parte do homem branco. Medo de voltar a serem escravos.

Esse medo explica-se pelo fato de que, livres do jeito que estavam, eles recuperavam parte de sua humanidade perdida. Humanidade perdida num processo do porrete constante, dos castigos permanentes, da alteração de seu nome tribal pelo nome português, da substituição de sua religião ancestral pela cristã. Todo um processo que coisificava-o.

Em 1602 Bartolomeu Bezerra marchou pela primeira vez contra Palmares, resultando num fracasso, e mais de 40 tentativas de invasão seguiram-se em cem anos de luta. Momentos como as invasões holandeses permitiram o crescimento de Palmares, pois tirou a atenção dos portugueses desses negros fugidos.

Os holandeses também tentaram derrubar Palmares, infiltrando espiões e mandando o capitão Rodolfo Baro, que não encontrou nada além de um local abandonado. João Blaer foi outro que tentou derrotar Palmares, mas nada encontrou pois os quilombos foram avisados pelos seus espiões: eles também tinham os seus. Os quilombolas eram guerrilheiros, negando ao inimigo o combate frontal e Palmares desapareceu no mato para derrotar o melhor exército do mundo.

Em 1655, a expedição de Brás da Rocha só trouxe alguns escravos fugidos, entre eles um recém nascido, que foi entregue ao padre Melo, que o chamou de Francisco. Ao contrário de outros escravos, ele aprendeu português, latim e religião, mas de vez em quando apanhava, muito provavelmente. Até que, aos quinze anos, fugiu, reaparecendo em Palmares.

Impressionado com as qualidades de Francisco, agora Zumbi, tornou-se sobrinho adotivo de Ganzá Zumba, rei do quilombo, cuja moral começou a decair com algumas derrotas que sofrera. E o ponto máximo ocorreu quando Ganzá aceitou negociar a paz com os brancos, o que elevou Zumbi, que era contra, a líder do quilombo.

Zumbi transformou Palmares num estado militar, numa ditadura sempre pronta para lutar contra aqueles que queriam destruí-la. Quando um atacava, o outro respondia. Quando um contra atacava, o outro fazia o mesmo.

Domingos Jorge Velho, um ex caçador de índios, fora chamado e organizou seu exército contra Palmares, e, como desta vez Zumbi fez com que seus inimigos viessem até ele, a tática mostrou-se mortal e Palmares, na serra da Barriga, foi tomada pelos portugueses. Mas Zumbi não morreu neste episódio. Isso se daria numa traição de Antônio Soares, que teve a vida garantida caso entregasse Zumbi.

Zumbi morreu, não sem luta e ter seu corpo cortado e sua cabeça levada para Recife, onde ficou exposta na praça, durante muitos anos.

Hoje é impossível dizer se há algum descendente de Palmares na região, já que muitos deles foram mortos na época ou levados para longe, por decisão do governo. Além disso, muitos eram os escravos que chegavam na região, de modo é impossível tentar fazer uma busca por nomes de família três ou quatro gerações anteriores.

Mas o quilombo buscou, talvez mesmo sem querer, a utopia, ou isso é o que enxergam as pessoas de hoje em dia.

Se Palmares não foi criada por Zumbi, foi Zumbi que transformou Palmares. Pois o quilombo já tinha sua representatividade pelas suas particularidades, desde o modo como os escravos que fugiram para formá-lo quanto o modo como se organizaram na serra da Barriga.

Sua sociedade praticamente sem classes sociais, em que um rei e familiares com privilégios do cargo podia ser deposto, em que o excesso de produção agrícola era repartido entre os outros moradores, leva a crer que aquela sociedade possuía um certo grau de utopia, da mesma forma que a sociedade imaginada por Antônio Conselheiro anos depois. Mas se isso nasceu da cultura outrora esquecida do negro ou se surgiu da necessidade ante a nova realidade, somente mais estudos podem confirmar.

O escravo perdera sua humanidade quando capturada, recuperara novamente na fuga e no alojamento em Palmares ou outra cidadela do quilombo, e não iria entregá-la de bom grato aos brancos novamente. Alguns negros livres podiam até prestar favores aos senhores, como forma de sobreviverem na sociedade em que se encontravam, mas aqueles que não eram favorecidos (?) pela liberdade não tinham outra opção.

Zumbi transformou Palmares, fez o quilombo um estado militar. Ele era um general conhecedor de táticas. Ele tinha instrução, inteligência rápida e abrangente, um corpo vigoroso e vontade de ferro. Podia ser um empresário, um atleta, assumir qualquer papel em qualquer profissão que gostasse e tivesse aptidão que sairia vitorioso dela, independente da época. Mas o fato de ser um negro, filho de escravos, e a sociedade atual continuar preconceituosa e racista, sua história continua sem grandes atenções.

Podemos ir contra os grandes chefes se percebemos que os valores primordiais estão ou foram esquecidos, e busca destes valores é que motivou Zumbi a lutar por Palmares. Aqueles que com ele ficaram eram porque acreditavam nisso e aceitaram a política adotada, não por ser a única saída (eles podiam seguir com o antigo líder para uma vida de “paz” em terras distantes, voltar à escravidão ou suicidar-se), mas porque enxergavam que era possível criar um estado negro independente.

sábado, 26 de julho de 2008

Para Pensar

QUALQUER SEMELHANÇA COM ALGUMA EMPRESA QUE VOCÊ CONHECE NÃO É MERA COINCIDÊNCIA...

Todos os dias, a FORMIGA chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho.
Era produtiva e feliz.

O gerente MARIMBONDO, estranhou a FORMIGA trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada. E colocou uma BARATA, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.

A primeira preocupação da BARATA foi a de padronizar o horário de entrada e saída da FORMIGA. Logo a BARATA precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma ARANHA para organizar os arquivos e controlar as ligações telefônicas.

O MARIMBONDO ficou encantado com os relatórios da BARATA, e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões.

A BARATA então contratou uma MOSCA, e comprou um computador com impressora colorida. Logo a FORMIGA produtiva e feliz, começou a lamentar-se de toda aquela movimentação de papéis e reuniões que eram feitas.

O MARIMBONDO concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a FORMIGA produtiva e feliz, trabalhava.

O cargo foi dado a uma CIGARRA, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial. A nova gestora CIGARRA logo precisou de um computador e de uma assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a FORMIGA, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.

A CIGARRA então convenceu o gerente MARIMBONDO, que era preciso fazer um estudo de clima. Mas o MARIMBONDO, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na qual a FORMIGA trabalhava já não rendia como antes, e assim contratou a CORUJA, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação.

A CORUJA permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía : "Há muita gente nesta empresa".

O MARIMBONDO seguindo o conselho do relatório da CORUJA, mandou demitir a FORMIGA, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.

LIVROS - PEDAGOGIA DO OPRIMIDO


Pedagogia do Oprimido – Paulo Freire
Editora Paz e Terra

Paulo Freire parte do seguinte princípio em seu livro: a pedagogia dominante é a pedagogia das classes dominantes e, portanto, é contraditório que esta leve os oprimidos a romperem com seu atual estado. É preciso que os próprios oprimidos tenham consciência de seu estado e lute para sair da mesma, mas para isto é preciso que ele perca o medo da liberdade.

O que o autor do ensaio notou em sua experiência de vida é que os oprimidos apresentavam um “medo” da liberdade, pois foi inserido neles que o “pensar” leva à desordem, que leva ao castigo. Mas o “pensar” que leva à liberdade não os levará ao fanatismo e sim ao seu posicionamento no mundo. O oprimido deve aprender a escrever sua própria vida, ter noção de sua própria história e daqueles que o cercam, é aprender qual o poder da palavra e como ela pode ser geradora ou destruidora, dependendo do seu contexto e modo de uso. E essa nova forma de pedagogia, em que o oprimido toma gosto pelo aprendizado e aprende também a buscar sempre coisas novas, é atacada pelos “métodos tradicionais”, simplesmente porque vão contra a liberdade das classes dominantes.

Não somente a classe dominante é contra um novo método como também os oprimidos que se acomodaram em sua atual situação (e não querem partir numa busca de liberdade que pode eliminar todo seu mundo como conhece) e os oprimidos que agem como opressores com outros subordinados. É o processo da aderência, em que oprimido imita o opressor, imita para sentir o estilo de vida do mesmo que considera o ter mais imporante que o ser. E quando há ameaça de se retirar a sombra do opressor de dentro do oprimido, ele sente medo porque surge um vazio em seu interior, vazio que deve ser preenchido pela liberdade, que é algo que deve ser conquistado a todo momento.

A pedagogia atual, de acordo com o autor, é a pedagogia bancária, ou seja, a educação é doada de quem tem “mais” para o que tem “menos”, doação esta que reflete ainda mais o estado de opressão que o sistema exibe. É a pedagogia em que é aplicado certas táticas, como a conquista, seja a força ou via generosiodades, pela divisão, invasão cultural, etc.

A pedagogia sugerida por Freire segue o modelo antropológico, a história humana, ou seja, algo obtido pela conquista e que acaba criando sua própria forma. Ela não cresce naturalmente, deve ser sempre atualizada. É a pedagogia em que tanto o educando como o educador aprendem, é onde cada um busca o ser mais, busca a humanização, tanto dos oprimidos quanto dos opressores, num processo de diálogo em que as palavras levam à superação, para a discussão de temas geradores e para o pensar do povo. Para haver desenvolvimento, é preciso que haja movimento de busca, de criatividade, tanto de forma física quanto consciente.

A libertação do homem deve ser feita com os homens e não pelos homens. Este é um outro ponto em que Freire aponta e tenta fazer brotar em seus educandos. Seu ensaio, apesar disso, não é de fácil leitura, pois utiliza um vocabulário que é de conhecimento maior por parte dos profissionais da área. Em parte, ele utiliza-se de uma pedagogia “bancária” via texto, pois transmite seu conhecimento sem permitir o diálogo, mas tal forma seria impossível via livro. Mas não seria este um modelo copiado pelo pedagogos, numa falta de criatividade também para transmitir o conhecimento?

Hoje em dia a forma de educação buca novos modelos, mas isso mais por questão de direcionamento de mercado do que por causa da liberdade do oprimido. A mudança está sendo feita de cima para baixo, e não o oposto, dado que continuamos com um novo modelo de pedagogia que ainda pertence aos opressores. Talvez o que Freire deseje ver na educação seja utópico demais, mas enquanto ainda houver uma semente brotando no meio das cinzas, ainda há esperança de novas linhas de pensamento para que os homens entendam a si mesmos e tudo que os cerca.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

LIVROS - MEDO À LIBERDADE

Medo à Liberdade
Erich Fromm

Escrito durante a Segunda Guerra Mundial por Erich Fromm, numa tentativa de explicar como milhares de alemães seguiram sem contra argumentar os ideais de Hitler, o livro trás uma análise que acaba explicando muito mais que a simpatia do nazismo ao orgulho da raça ariana: explica todo um processo que culmina na dúvida sobre a existência da liberdade.

Mas o que vem a ser liberdade? De acordo com o dicionário, liberdade é a capacidade de cada um decidir-se ou agir segundo sua própria determinação, estado ou condição do homem livre, ou confiança, familiaridade, intimidade . Mas como saber que a nossa decisão ou ação é fruto de nossa determinação e não de algo implantado em nós durante um processo de moldagem feito por algum fator externo opressor? Como poder considerar livre uma pessoa se nem mesmo conseguimos definir com exatidão a extensão desta palavra? Se começarmos a questionar sobre o que acreditamos, nunca iremos duvidar disso, iremo-nos autoenganar dizendo não duvidar ou iremos nos convencer que há determinadas coisas que não tem explicações para ser?

Esse é o caminho que o livro Medo a Liberdade segue em seus primeiros passos, um mergulho profundo na psicologia para chegar a uma explicação a respeito não somente da Alemanha nazista, mas também para tantas outras situações que observamos no mundo. É um caminho que inicia com um retorno no tempo, em demonstrar que a relação entre os homens há muita é controlado pela renúncia à liberdade contra um “opressor” que protege e controla.

O autor começa pelo período medieval, a submissão do camponês ao senhor feudal em troca de proteção, a renúncia de sua liberdade pela segurança. O perigo externo não é algo que o camponês, isolado, possa resolver, nem tem condições para tal, e por isso cede sua liberdade para ser controlado, seja por impostos, seja por trabalhos que paguem sua estadia nas terras do senhor, em troca de proteção, de acomodação em um território que ele não precisa defender: isso passa a ser serviço de outra pessoa, com poderes para isso. Mas se esta situação pode funcionar como um mutualismo, em que um ajuda o outro a sobreviverem, é fina a divisão que leva à exploração. Os impostos pagos sobem, as obrigações, idem, enquanto o sentimento daqueles que cederam sua liberdade passa a ser o medo tanto das ameaças externas quanto as internas.

Diante desta situação, o que fazer? Reprimir os sentimentos devido ao perigo que há em expressá-las? Mas até que ponto o homem é capaz de fazer isso antes de explodir, antes de revoltar-se e questionar o opressor? Anos, décadas, gerações?
O fato é que nada difere essa troca de favores, em que um cede sua liberdade para um outro que pode auxiliar num fator carente ao primeiro, da posição entre patrões e empregados, trabalho por salário. Não é um medo à liberdade, as a necessidade de cedê-la para poder vivermos em sociedade. De nada adianta afirmar que o homem é anti-social: se esse fosse sua natureza primordial não haveria Adão e Eva, somente Adão ou somente Eva. Exclua-se os conceitos religiosos ou naturais, somente a mente humana é que procura a busca pela chamada liberdade. E por que ela faz isso? Porque sente-se oprimida a todo momento e sonha que é possível atingir a liberdade total, livre de qualquer influência. E talvez seja, neste contexto, a morte a liberdade mor?

O livro de Fromm não traz resposta a esta questão, bem como não responde a muitas outras questões levantadas. Porém, segue um caminho que explica, em parte, a submissão do povo alemão à ideologia de Hitler: um pensamento comum mas que não era exposto da forma que foi pois ninguém queria assumir a responsabilidade por aquela idéia, a de que judeus eram os responsáveis pela situação da Alemanha na pobreza e que a raça ariana era superior às outras. Cedido à liberdade, o sucesso ou o fracasso ficaria em mãos do líder, e por isso muitas das ações que o exército e povo realizavam, mesmo fora da natureza humana, em nada pesava na consciência deles: era algo “natural”, que devia ocorrer, como os predestinados de Calvino ou sobre algo que deveria ser assim por deus querer, como diria Lutero.

É o medo à liberdade, o medo da responsabilidade que faz com que o indivíduo ceda sua liberdade para outro. Se num momento a total confiança em outra pessoa é necessária, num outro é perder o controle dessa ação e perceber em que opressão começa a submeter-se. Mas há medo dela ou medo de que não consigamos nos auto enganar da sua existência?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

LIVROS - FAMÍLIA: MODOS DE USAR

Família: Modos de Usar

Família. Um assunto sempre em voga, especialmente na sociedade atual, em que quase todos os temas são explorados, seja comercialmente ou não. Um assunto que já foi visto por vários ângulos diferentes, muitas conflituosas, muitas contra conceitos pré-estabelecidos, muitas a favor de novos métodos de entendimento. E, no livro de Rosely Sayão e Julio Groppa Aquino, é adotado uma visão psicológica, num debate para promover o pensar a respeito da família.

Sendo apenas um debate, sem a profundidade de um estudo mais elaborado, os autores limitam-se em analisar a situação da “família” brasileira, de forma generalizada, sem considerar as diversas culturas que compõe o país, entretanto, dá vazão à reflexão a respeito dos valores da família na sociedade atual.

Se voltarmos no tempo e analisarmos a formação da sociedade brasileira, encontramos uma sociedade patriarcal, fato considerado até os dias atuais, mesmo com maior influência feminina nas decisões, seja dento da família quanto na sociedade. Na política, em que os eleitores estão sempre em busca de um “pai” para resolver todos os problemas, releva a falta de um “algo mais” libertador das pessoas da figura dos progenitores. Mas tudo isso decorre de toda uma história mundial, em que a figura central da “família” era o macho, aquele que caçava, aquele que lutava (outros dizem que a fêmea é que tinha o papel principal na “família”, que tudo girava em torno da sobrevivência dela e de sua prole, mas isso é um assunto de debate para aqueles que escreveram a história “oficial”). Retorna à história brasileira, temos os senhores de engenho, os bandeirantes, os fazendeiros de café. Havia um centro forte e claro na “família”, com valores definidos, que não tinha dúvida quanto à forma de educar os filhos.

Isso durou até o século XX, um século de transformações sociais. Sem estabelecer datas, podemos citar o aumento da importância das mulheres na sociedade, a mudança de uma população rural para urbana, as alterações econômicas e, especialmente, o surgimento da classe média. Como o surgimento da classe média favoreceu a crise da família? Voltemos à linha de tempo.

No passado, com a agricultura, um grande número de filhos significava maior número de trabalhadores, aumentando as possibilidades de crescimento econômico. E este grande número de filhos eram ligados aos pais, aos avós paternos e maternos. Casados, os filhos dos filhos (os netos) terão vários tios e tias e, especialmente, diversos primos, de diferentes idades, e esta diferença oferecia uma rica convivência às crianças.

Na mudança do campo para a cidade o número de filhos passou a ser maior custo para sobrevivência, e a tendência passou a ser a política de poucos filhos que, hoje, pode ser exemplificado nos casais com filhos únicos da classe média. Seguindo esta tendência, teremos gerações que não possuem tios, tias, primos, primas, etc. A convivência dos filhos será restrita a grupos de mesma idade, retirando a rica convivência com outras de diferentes idades. Além disso, a união de um casal que não possui um modelo de família permanece especialmente devido ao filho gerado, e as gerações seguintes transformaram esta situação no que encontramos atualmente: o centro da família passou a ser os filhos.

Mas não foi apenas a mudança da atividade econômica que contribui para essa mudança de rumo. Desde as grandes guerras o papel da mulher tomou um rumo mais ativo nas atividades econômicas, e a imagem da dona de casa, limitada às tarefas rotineiras do lar, foi deixada no passado: a mulher passa praticamente o mesmo tempo dentro de casa quanto o homem, de forma que isso influiu na formação das novas “famílias”.
Então, o que temos? Pais que já trazem uma unidade familiar reduzida, fechando-se em si própria (sobrando os “agregados” e “parentes”). A seguir, uma centralização da atenção no filho único de quem, seja por pressão da sociedade, seja pela unicidade da cria, seja pela substituição dos valores familiares pelos valores do “politicamente correto”, os pais tentam ser os “grandes amigos”, numa propagação inconsciente de manterem-se jovens. Entretanto, ser amigo e ser pais são posições completamente diferentes. E neste ponto surgem os conflitos na cabeça dos pais. Dar palmada ou aplicar outra forma de psicologia? Gritar ou conversar? Impor limites ou deixar o filhote quebrar a cara? São dúvidas que deveriam existir na cabeça dos adultos?

Na verdade, são dúvidas que sempre surgem, mas não deveriam barrar o avanço do desenvolvimento familiar, como anda acontecendo: os pais simplesmente têm medo de darem algum passo, medo de estarem fazendo algo errado, medo de estarem indo contra o que a sociedade diz ser correto. E neste mergulho lá vão pais (sempre eles) e filhos para os consultórios, gastam dinheiro para tentar entender o que há de errado quando deveriam procurar as respostas na família, se é que possuem uma ou um lugar a que chamam de lar.

Aliás, onde estão os lares? Desde cedo, neste tão conturbado mundo, as crianças são deixadas desde cedo em creches, geralmente em “salas” com outras crianças da mesma idade (e lá se vai outra chance de aprendizagem com as diferenças etárias!), com técnicas de desenvolvimento intelectual e motora. Claro, não que isso tudo seja de todo ruim, mas qual será a definição de lar para estes jovens indivíduos? Somente a casa onde passa o tempo com os pais ou será qualquer local em que esteja com os pais, ou mesmo apenas aquele local em que passa com tantas outras crianças? Haverá uma definição para a expressão “lar, doce lar”? Difícil dizer. Casais formam-se e separam-se com uma tremenda facilidade, e os filhos, a que lares pertencem? À do pai com sua nova esposa ou à da mãe com seu novo marido? Ou a ambos, ou a nenhum? Então, surge um outro ponto à mais nessa confusão de casas: a da própria identidade. Como saber em que família ficar suas bases se a família não tem base alguma ou se as bases que oferecem são divergentes entre si?

O livro leva-nos a uma reflexão a respeito disso e de muitos outros pontos relacionados a pais e filhos (e os outros “parentes” e “agregados”). Reflexões que encontram facilmente leitores, tendo em vista a quantidade de cartas recebidas por Sayão em sua coluna na Folha de São Paulo. Reflexões que fazem as pessoas pararem para entender o que se passa com a família, mas que dificilmente altera muitos pontos. Enfim, há muita diferença entre o saber o que fazer e o fazer. E cada um deve encontrar a diferença através de seus próprios passos.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

LIVROS - FERNÃO CAPELO GAIVOTA

Um hino à Liberdade: Fernão Capelo Gaviota – Richard Bach

O livro conta a história de Fernão Capelo, uma gaviota que era diferente das outras simplesmente porque fazia o que gostava de fazer: voar. E sempre tentava voar mais alto e mais rápido, sem se importar em sem como as outras que sempre lutavam entre si por peixes do barco pesqueiro.

A sua família não via com bons olhos o que aquela gaviota fazia, insistiam muitas vezes para Fernão ser como as outras, e bem que ele tentava, mas logo voltava aos seus testes de voôs mais altos, mais velozes.

E de tanto insistir um dia caiu, quase morreu e prometeu para si mesmo desistir. Voltaria para casa, tentaria ser como as outras, viveria frustrata para sempre pois não conseguia voar tão veloz como outros pássaros de outras espécies por causa da diferenças das asas, suas asas eram diferentes das dos outros pássaros. E, pensando nisso, um lampejo percorreu seu cérebro e percebeu o ponto em que estava errando, e esqueceu a promessa feita a si mesmo e tentou novamente, e alcançou sucesso. E demonstrou a sua nova habilidade de voar mais alto e mais rápido do que qualquer outra gaviota para seu grupo, queria mostrar o que descobriu, queria levar à luz do conhecimento, aos sonhos de um vôo mais alto e mais rápido.

Entretanto, o grupo o expulsou, dizendo que ele foi contra a tradição, fez o que as gaivotas não deveriam fazer, que era tarefa delas somente viverem para conseguirem comer para não morrer, comer para reproduzirem, comerem até que um dia morram. E Fernão partiu sozinho para seu exílio, triste, sim, pois seus irmãos não percebereram a revolução que fizera. Mas feliz, pois agora podia voar sem nenhuma outra preocupação.

É como no mundo profissional de hoje: se trabalhamos numa área que não gostamos, vivemos sempre frustrados, mas prosseguimos porque precisamos de dinheiro para comprar comida, precisamos de dinheiro para criar uma família, precisamos de dinheiro até para morrer. E se fizermos o que gostamos, logo outros querem nos prender, dizer que é preciso seguir as regras, que ser inovador não tráz estabilidade, que não é seguro. E isso parte de todos, da família até de amigos próximos: se deixar-nos prender numa situação, logo queremos prender outros também na mesma situação, pois estaremos frustrados demais para aceitar que outros voem o vôo que não nos foi permitido.

Se a história de Fernão terminasse naquele ponto já seria uma bela metáfora. Mas poderia levar as pessoas a escolher entre seguir um sonho, fazer o que se gosta e ficar sozinho pelo resto da vida e não seguir o sonho, mas ficar sempre acompanhado. Só que Fernão não estava sozinho. Ele, de tanto voar, de tanto aprender sobre si mesmo, acabou encontrando outras gaviotas que também voavam mais alto, mais rápido, mais longe. E aprendeu mais coisas com elas, aprendeu tanto que chegou a saber mais do que as mais antigas, mas nem por isso deixou o orgulho elevar a alma: sempre desejava aprender mais e mais e nunca se achava superior às demais, nem mesmo perante as gaviotas que não voavam tão alto quanto elas.

No nosso mundo sempre iremos encontrar pessoas inovadoras que também tiveram suas idéias questionadas, seus ideais contestados. Mas de nada adianta ser uma delas se não nos mantivermos humildes perante toda diversidade que podemos encontrar, não importa o grau do talento que temos. Fernão não se sentia superior nem mesmo às gaviotas que não voavam alto indica que nós, como sonhadores e inovadores, precisamos enxergar as pessoas como capazes de se livrarem de suas amarras de segurança e partirem para o céu em busca de horizontes mais amplos.

Mas nem tudo é azul. Quando ocorre um acidente e o melhor aluno de Fernão é dado como morto, mas este “volta” à vida, as gaivotas do grupo ou chamam Fernão de demônio ou de “grande gaviota”, ou deus. Esse episódio remete a histórias bíblicas, talvez feito de propósito pelo autor. Mas o fato é que, no decorrer de nossa trajetória, quando seguimos na nossa inovação, no nosso sonho e/ou no que gostamos, algumas coisas irão acontecer que poderá nos fazer questionar profundamente se estamos seguindo realmente um caminho certo. Fernão mostrou-se calmo, bem como seu aluno, em aceitar as barreiras vencidas e as derrotas sofridas, pois o mundo é grande demais e nem todos podem ver a luz do céu ou o horinzonte que se perde ao longe.

Fernão continuou com sua jornada para aprender mais, deixando o cargo ao seu discípulo para que ele faça outras gaviotas descobrirem os vôos mais altos e mais rápidos, as acrobacias e as brincadeiras. E não quis ser endeusado. Assim, por mais que tenhamos atingido o ápice, por exemplo, dentro de uma empresa, devemos sempre pensar na pessoa que irá tomar nosso lugar para prosseguir com o projeto, pois somos livres para continuar a voar mais longe, mais alto, deixando para trás somente uma semente do nosso sonho, para germinar em outras novas gaviotas.

terça-feira, 22 de julho de 2008

LIVROS - FEITAS PARA DURAR

Feitas para Durar
James C. Collins
Jerry I. Porras

Feitas para Durar segue o mesmo estilo dos outros livros dos autores, sendo que Feitas para Vencer dedicava-se ao Homem e Empresas Feitas para Vencer, à empresa. Mas este, consirado por Collins como posterior à Empresas Feitas para Vencer, como escreveu naquele livro, procura mostrar os pontos fortes para a preservação e perpetuação de uma empresa, baseando-se sempre em dados estatísticos de empresas visionárias.

Sua base de pesquisa estendeu-se por diversas empresas, obedecendo determinadas regras, para que todas fossem analisadas do mesmo modo, a fim de localizar os valores eternos de gerenciamento, e os resultados, de acordo com os autores, foram reveladores, bem como foram as conclusões obtidas nos livros anteriores: nem sempre o que pode ser considerado correto e mais factível é a verdade por trás da história das empresas.

Confúcio conta que, se dermos um peixe a um faminto, o alimentamos por um dia, mas se ensinarmos a pescar, o alimentaremos por toda vida, podemos dizer que as empresas visionárias tendem a dar as ferramentas (como pescar), e não impor as soluções (dar o peixe). Entretanto, é preciso oferecer as ferramentas corretas para se chegar ao objetivo desejado, e, assim, o que é mostrado no livro não é oferecer ao leitor a fórmula da transmutação, e sim alguns conceitos que o ajudem na transformação.
Da mesma forma que o bom é inimigo do ótimo, as empresas visionárias, empresas admiradas e que trouxeram impacto significativos ao mundo a sua volta, atingiram este grau não por nascerem assim, mas por seguirem seus valores centrais, preservando a ideologia central, se arriscando, tentando superar primeiro a si mesmo antes de superar os concorrentes, etc. Elas possuem ótimos líderes, mas não dependem deles para sobreviver, para durar. E todas já passaram por problemas, mas tiveram capacidade de recuperação, conseguindo dar a volta por cima das adversidades. Seus resultados podem ser vistos no seu desempenho a longo prazo.

O autor cita como um dos conceitos fundamentais a ideologia central nas empresas visionárias e no seu comportamento para preservá-las e transmití-las por toda organização, para que todos conheçam a cultura da empresa. Esta é composta pelos valores centrais, que são as doutrinas essenciais e duradouras de uma empresa, e pelos objetivos, que são os motivos fundamentais da existência da empresa além do simples lucro.

Mas, apesar de fundamental, a ideologia central por si só não torna uma empresa em empresa visionária, bem como ter as ferramentas incorretas para a tarefa. A própria empresa precisa aceitar as mudanças quando necessário, sem alterar suas crenças básicas, a medida que for progredindo na vida corporativa. E, para que haja progresso, é preciso que haja um impulso interno, uma necessidade de ir adiante sem precisar de uma justificativa externa, numa autoconfiança na busca pelo melhor, e numa autocrítica em mudar antes o mundo externo perceba esta necessidade. E nisso reflete-se muito bem a genialidade do E que a empresa precisa praticar: a mudança com a preservação, a busca pela harmonia em tudo, a preservação do núcleo e o estímulo ao progresso.

Neste ponto, o autor explica a respeito de cinco métodos específicos para esta harmonia: metas audaciosas, cultura de devoção, tentar várias coisas e aplicar o que der certo, gerentes treinados internamente e nunca é suficiente.

Metas audaciosas todas as empresas possuem, mas nem todas se comprometem com elas. Uma meta audaciosa explica-se por si só, estimulando as pessoas a dedicar-se à ela, sem necessidade de treinamento. São as metas que as pessoas certas no barco seguem e tentam atingir, é a motivação que move os funcionários. Ou seja, é preciso que haja uma cultura de devoção às metas da empresa, compreender sua estrutura e onde ela quer chegar.

As empresas visionárias nunca atingem o sucesso numa primeira tentativa: sempre sofreram com tentativas frustradas, por diversas vezes, até que encontraram o ponto certo. Tentaram de tudo e aplicaram o que deu certo, como numa espécie de evolução natural para empresas, em que o aproveitamento de certas oportunidades foram direcionando a instituição para seu caminho correto. Da mesma forma que em Empresas Feitas para Vencer, primeiro é preciso colocar as pessoas certas no barco para depois decidir aonde chegar, pois, com as pessoas certas, as decisões são tomadas, não há o medo de errar e cada um sabe como lidar com as ferramentas.

E, mais uma vez, o outro próximo item, ter gerentes treinados internamente, também está presente no livro citado anteriormente, que um profissional vindo de dentro da empresa terá melhores condições de entender sua cultura e suas metas do que alguém vindo de fora, pelos resultados da pesquisa dos autores.

Da mesma forma, o quinto método, nunca é suficiente, retorna ao fato do comodismos frente ao sucesso: as pessoas tendem a se sentirem confortáveis quando a empresa parece prestes a atingir as metas estabelecidas, e isso as deixa mais relaxadas, permitindo que outras empresas consigam ultrapassá-las. Por este motivo, as empresas visionárias possuem mecanismos para causar o desconforto: uma espécie de alerta para manter seus funcionários sempre correndo atrás do objetivos.

O último capítulo os autores procuram explicar, de forma resumida, os conceitos apresentados sendo aplicados na prática: manter um grupo de funcionários que possua as identificações com a empresa, explorar as situações do dia a dia para corrigir ou melhorar a eficiência deles, não diversificar demasiadamente para não perder, não fugir de sua ideologia central para não cair em descrédito e manter as exigências universais enquanto inventa novos métodos.

Tanto Empresas Feitas para Durar quanto Empresas Feitas para Vencer apresentam aspectos semelhantes, como foi explicado no segundo livro pelo autor, mas, exceto pelos capítulos em que foram detalhados e explicados os pontos, basicamente poderíamos reduzi ambos a um único, e a comparação deveria ter sido feita neste, e não no anterior, como foi feito.

Fora isto, a impressão do livro comparando com Feitas para Vencer foi melhor, em termos de aproveitamento, pois apresentou dados mais concretos, bem como os métodos de análise e pesquisa, como apresentado também em Empresas Feitas para Vencer, entretanto fica pendente ainda o fato de apresentar empresas que foram fundadas antes de 1950, sem considerar as empresas fundadas posteriormente e que estão inseridas num mundo totalmente diferente daquela época. A pergunta mais relevante neste momento seria se essas características consideradas eternas pelo autor realmente se manteriam para o mundo de hoje ou será preciso novos dados para serem analisados?

Moedas



Se empilhássemos todas as moedas do mundo em uma única pilha, qual seria o tamanho dela??
E que vontade de comer moedas de chocolate agora...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

LIVROS - FEITAS PARA VENCER

Feitas para Vencer – James C. Collins e William C. Lazier

Qual será o segredo das empresas de sucesso e qual será a receita de bolo para chegar lá? Será que as empresas sempre precisam de um líder carismático, autoritário e extraordinário para vencer no mercado?

Hoje em dia, com tanta competição no mercado, diversas publicações, como livros e revistas, trazem vez ou outra os passos para vencer no mundo. Mas serão elas receitas de valor ou serão apenas conselhos de pessoas de sucesso que querem ganhar mais dinheiro? E, mesmo tendo valor, serão acompanhadas de devidas reflexões?

No livro, Collins e Lazier explicam, através de pesquisas e histórias reais de diversos empresários e empresas, quais são os fatores comuns a todas elas: histórico, sucesso, crise, decisões. Eles partem da premissa de que uma empresa de sucesso deve responder por quatro pontos fundamentais: desempenho, impacto, reputação e longevidade. Ou, em outras palavras, capacidade de se manter no mercado, com ou sem crises, ter algum tipo de influência sobre os demais, ser respeitada pelos concorrentes e clientes e poder de sobrevivência por gerações.

O livro mostra pontos que são facilmente encontrados dentro de uma empresa, como um chefe distante, funcionários insatisfeitos e concorrência interna. Nesta empresa dificilmente vê-se inovações, pois estas são geralmente “apanhadas” nos detalhes do serviço por profissionais atentos ao trabalho. Também não se enxerga produtividade, pois um “colega de trabalho” quer estar sempre à frente do outro, esquecendo-se da empresa para se fixar na vaga (situação que lembra a política brasileira).

Os autores citam os cinco elementos essencias a uma empresa de sucesso: um estilo de liderança, para passar aos funcionários e clientes a visão da empresa, que será alcançado seguindo-se uma estratégia, acompanhada de inovações, até atingir a excelência tática.

Para se atingir esses elementos, é preciso que o empresário olhe primeiro para si mesmo, que pergunte-se se realmente gosta daquilo que faz e onde deseja chegar ao trabalhar naquilo. A sua empresa será reflexo de sua crença, e ele deve saber transmitir isso aos funcionários para que eles possam trabalhar em equipe, possam ter o horizonte para onde devem voar.

O interessante deste livro é que praticamente descreveu as etapas pela qual a Método Engenharia passou: uma empresa que nasceu por causa do empreendedor que havia e há em seus fundadores, passou por uma crise e teve que se reestruturar, alcançou um sucesso, diversificou os serviços, mas não foi estabalecida uma nova missão, o que trouxe outra crise e uma outra reestruturação, em busca de um novo objetivo. E, o mais importante, foi o aprendizado com tudo isso, de que realmente o livro acompanha a realidade e questões referentes a filosofia da empresa, qualidade e ética contam muito dentro e fora das organizações.

Fazer parte de uma empresa que deseja atingir o grau de “extraordinária” não significa atingir um rápido crescimento, atingir uma alta lucratividade em pouco tempo. Significa combinar os talentos de cada trabalhador, que se identificam com os valores da empresa, em prol de um valor comum, sem esquecer a humildade e o respeito. E apesar do livro não mostrar casos brasileiros (talvez pela raridade de “empresas extraordinárias” no país) podemos realizar um estudo e perceber que algumas possuem certos elementos, mais que ainda estão sendo desenvolvidas. E dentro deste contexto fica nossa motivação, um desavio para vencer.

domingo, 20 de julho de 2008

LIVROS - O MUNDO É PLANO

O Mundo é Plano – Uma Breve História do Século XXI: Thomas L. Friedman

Em “O Mundo é Plano”, Thomas Friedman explica as transformações ocorridas no final do século XX e início do XXI que resultaram no que ele chamou de “mundo achatado” de hoje. Entre essas transformações está a queda do muro de Berlin, ocorrida em 1989, que derrubou consigo o sistema de economia planificada e abriu o mercado dos países que antes viviam sob tutela soviética. Também nessa época foram lançados os primeiros computadores de uso pessoal com Windows, que tornava a interface mais amigável, levando os PCs para fora do universo dos acadêmicos e cientistas.

Isso tudo foi somente um passo. A abertura de capital da Netscape na bolsa de valores iniciou a bolha das empresas ponto.com, o que foi um salto: a internet alcançou sucesso, apoiado pelos softwares de fluxo de trabalho que permitia a comunicação entre diferentes plataformas desenvolvidas até então, e pelo código aberto que, à partir de um código base funcional (e grátis), qualquer um podia desenvolver seu próprio programa, melhorá-lo e diferenciá-lo dos demais para competir e vencer no mercado.

Friedman cita a Índia por diversas vezes no livro, pois é um dos países que melhor exemplifica o seu conceito de que o mundo se “achatou”, da abertura de sua economia e dos seus trabalhadores qualificados até a compra de fibras ópticas das falidas empresas ponto.com e toda sua terceirização de serviço que prestou e presta aos americanos durante e após o bug do milênio, sempre com salários mais baixos que os pagos nos EUA.

Isto é outra força que “achatou” o mundo, a terceirização, e a Índia é o melhor exemplo para isso. A China, outro país que é citado por diversas vezes pelo autor, atua em outra frente, o offshoring, que é a transferência de toda a linha de produção para outro país, somente para aproveitar os baixos salários (e trabalhadores qualificados) e outras vantagens competitivas. Entretanto, poucas vezes o autor explica sobre as diferentes realidades que exitem dentro desses países: na Índia há muita pobreza longe de sua vale do silício e na China muitos dos direitos aos trabalhadores são praticamente inexistentes.

É preciso observar também como esse “mundo plano” pode nos fazer ter crises de identidade, pois como cliente, queremos preços baratos e bons produtos, como trabalhadores desejamos ter bons salários e como empresa planejamos pagar menos ou ter menores custos com o empregado. Desta forma, é preciso encontrar um equilíbrio nessas balanças, o que nem sempre é feito.

Toda essa controvérsia entra nas cadeias de fornecimento também, outra força que “achatou” o mundo. As cadeias de fonecimento garantem que seu produto ou parte dele nunca falte nas lojas ou no mercado, otimizando as práticas de entrega e distribuição. Porém, como as empresas geralmente não querem, não desejam ou não podem cuidar de toda essa logística, entra em cena outras empresas, às vezes pequenas, que podem cuidar dessa fase do negócio, num processo de internalização, e com ela mais parceiros participam do processo e logo toda uma rede de informação passa a ser necessária. E, somando-se todas essas forças ao avanço constante da tecnologia, temos um dos fatores que causou a transformação do mundo em tão pouco tempo.

Os outros fatores, uma nova maneira de atuar no mercado e a entrada de uma enorme quantidade de mão de obra no mercado, graças a entrada de países como China e Índia, convergiram no século XXI, e aqueles que estavam ligados ao mundo corporativista foram os primeiros a perceber que a realidade à sua volta estava se transformando, e era bom que eles também acompanhassem essas transformações.

O mundo não era mais o mesmo: o conhecimento passou a ser acessível a qualquer um graças à internet, as empresas não sobreviviam mais sozinhas, precisavam de parceiros, países que temiam os efeitos das transformações protegiam-se como podiam enquanto aqueles que queriam a transformação lutavam para vencer as barreiras. O mundo encolheu, não se achatou, e o próprio Friedman afirma que o mundo não é plano. Encolheu a ponto dos sopros de países influentes regional ou mundialmente serem sentidos como um furação por qualquer indivíduo longe desses centros.

A recente publicação de charges com a figura de Maomé num país minúsculo como a Dinamarca provocou revoltas no Oriente Médio. Qualquer decisão dos EUA quanto a sua política afeta a política de tantos outros países. A idéia de retomada do programa nuclear iraniano apavora a Europa. Qualquer tropeço do Brasil freia o Mercosul. Toda essa interligação entre os diferentes países (e empresas também) leva à necessidade do entendimento e respeito dos fatores invisíveis, como religião, cultura, etc. Neste mundo globalizado, ou na globalização 3.0, como cita o autor, o indivíduo é que deve se questionar sobre como se encaixar nessa realidade. Transformações devem ocorrer de dentro para fora para que algo torne-se efetivamente ativo.

O autor explica bem todos as transformações, foca nos acontecimentos e tenta dar uma direção aos EUA neste novo contexto mundial, mas muitas vezes exagera no tom, quase que ignorando a verdadeira realidade dos países em desenvolvimento e as políticas dos órgãos mundiais. É um livro de um norte americano para norte americanos, mas que, neste mundo encolhido e não plano, orienta-nos dentro do cenário internacional.

Fotos - Festival do Japão

Algumas fotos do 11o Festival do Japão, que aconteceu nos dias 18, 19 e 20 de Julho, no Centro de Exposição Imigrantes. O foco central da festa deste ano foi o centenário de imigração japonesa.

Portão montado na entrada do evento.

Alas carnavalescas em origami.


Uma cerveja vai bem (mas se beber, não dirija).


Flores em detalhes.











Até que as fotos ficaram legais...


Fotos - Tanabata 2008

Algumas fotos do Tanabata 2008, em 12/07, na Liberdade-SP.


















sábado, 19 de julho de 2008

LIVROS - EMPRESAS FEITAS PARA VENCER

Empresas Feitas para Vencer: Por que apenas algumas empresas brilham – Jim Collins
Elsevier Editora Ltda – 2001

Partindo da afirmação de que o bom é inimigo do ótimo, o autor buscou os caminhos que transformassem uma empresa boa em excelente, se isso era possível ou se uma empresa já nasce com essa característica e, portanto, é impossível haver tal transformação.

O autor comparou empresas boas e excelentes, dentro de um período de quinze anos, cujas ações estiveram acima ou abaixo da média, e dentro da classificação que obteve montou uma caixa preta que acaba abrindo no decorrer do livro, revelando algumas características comuns a todas empresas excelentes, dentre elas a existência do líder nível 5, a importância das pessoas, enfrentamento da realidade sem perder a esperança, o conceito do porco espinho, a disciplina, aceleradores tecnológicos e o volante e o círculo da destruição.

O líder nível 5, presente em toda fase de ruptura de boa para excelente, é uma pessoa humilde, modesta, trabalhadora, que interessa-se pelo crescimento da empresa e que divide seu sucesso e assume pessoalmente os fracassos. Geralmente não aparecem na grande mídia, são originários de dentro da própria empresa e atribuem à sorte as consequencias de seu sua competência.

Mas além dele é preciso também haver as pessoas certas dentro da equipe, não necessariamente devido ao seu grau de conhecimento e sim devido aos seus traços interiores, como caráter e talentos inatos. Elas são importantes tanto para que a empresa não desmorone quando o líder for embora quanto para a escolha de um novo líder que continue com o crescimento da empresa. Além disso, as pessoas certas se automotivam para fazerem as coisas, não é preciso gastar tempo e dinheiro para as motivarem.

Essa equipe deve encarar a realidade, sem criar fantasias em relação à ela, mas mantendo sempre a fé. Essa equipe deve ter opiniões diferentes que promovam o debate, mas que no fim as decisões por ela tomada caminhem a empresa em direção à verdade, através do diálogo, da autópsia da questão, questionamento e montagem de equipamentos de alerta sobre informações que não podem ser ignoradas.

Esse conjunto de fatores ajuda a caminhar a empresa para a excelência, e não devemos esquecer que, mesmo atingido tal patamar, elas continuam a enfrentar os mesmo problemas que qualquer empresa. A questão que as torna diferentes é o modo como elas encaram os problemas, seguindo o paradoxo de Stockdale: mantenha a mais absoluta fé em que voce pode e vai sair vencendor no final, independentemente das dificuldades e ao mesmo tempo encare e enfrente a dura realidade de sua situação, seja ela qual for.

O conceito do porco-espinho traduz um entendimento simples a respeito de três círculos que envolvem: aquilo que a empresa faz de melhor, aquilo que movimenta seu motor econômico e sua paixão por fazer isso. A intersecção desses círculos é que envolve o conceito do porco-espinho, um equilíbrio entre eles em que não de seve priorizar um em deprimento do outro.

De todos os itens citados, para que seja obtido resultado duradouro e substancial é preciso que haja disciplina, tanto da equipe quanto do líder. Isso implica em automotivação, que não é preciso gastar tempo e dinheiro motivando as pessoas, elas fazem isso por si só.

Mas uma das coisas que mais impressionou o autor foi que a tecnologia não foi considerada uma das coisas mais importantes para a transformação das empresas de boas para excelentes. Elas apenas serviram como aceleradores tecnológicos, ou seja, atuaram para melhorar um processo que já vinha sendo melhorado.

Somado a tudo isso, as empresas excelentes procuram sempre seguir o volante, ou seja, sempre revisarem para não tropeçarem no meio do caminho e voltarem ao estágio inicial. Ao contrário de algumas empresas, que, baseando-se nos mesmos princípios, mas não seguindo-os corretamente, o volante pode se transformar num circuito da destruição, em outras palavras, a empresa começa a buscar outras áreas para atuar, de forma irracional, ou a aplicar políticas para melhorar o desempenho que apenas prejudicam seu potencial, entrando numa queda vertiginosa.

Apesar de serem conceitos algumas vezes simples, algumas vezes contra o senso comum, nenhuma transformação ocorreu do nada. As empresas que passaram de boa para excelente viveram o processo e o resultado nada mais foi que algo natural que iria ser atingido.

Ao contrário do seu outro livro, Feitas para Vencer, neste livro Jim Collins tentou ser mais generalista, demonstrando situações exatamente que foram contra o senso comum e a importâncias de se ter as pessoas certas dentro da empresa. A própria apresentação do livro, com gráficos e tabelas, acaba transmitindo um certo grau de confiabilidade aos seus estudos, mas deve-se levar em conta também em quais culturas ele se baseiou, e se realmente o estudo é atemporal, pois o livro, de 2001, é anterior às ameaças terroristas e aos novos problemas do século XXI.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

LIVRO - EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE

Como podemos levar as pessoas a pensar sobre liberdade se estão imersos em opressão desde que elas se conhecem como gente? Como levá-las ao pensamento crítico para diferenciar entre a opressão severa, a opressão de boas relações das verdadeiras ações libertadoras? Paulo Freire sustenta a opinião que a educação é uma das formas mais viáveis para levar isso a todas as pessoas. Mas será realmente fácil esta tarefa?

Em seu livro, Educação como prática da liberdade, o pedagogo procura, como ocorrida em Pedagogia do Oprimido, explicar o Homem no mundo e com o mundo, como são suas relações com seu exterior e com outros indivíduos. Diferenciado dos outros animais, o Homem é um ser de relações e contatos, e assim sua influência e suas ações acabam por influenciar os outros que o cercam, levando a situações de prisão, opressão, ou libertação, descobrimento.

Muitos dos seus pontos de vista são inter relacionados com o livro de Erich Fromm, Medo à Liberdade, com a idéia de acomodamento ante a situação de opressão, pois, privado da liberdade, o indivíduo deixa de preocupar-se com muitas situações e com o medo de cometer erros por decisões erradas, decisões que seres livres devem tomar para seguir na vida, decisões que passam a ser tomadas pelos opressores, agora senhores de seus passos também. Ou, em outras palavras, como diz Joel Rufino dos Santos, o indivíduo, ao ter sua liberdade suprimida, coisifica-se, tendo seu ”destino” nas mãos de seus “senhores”. E, se nestes termos esta situação aparenta apenas com a relação escravo-senhor de engenho, camponês-senhor feudal, é preciso refletir (que o ser crítico deve ser capaz de fazer) sobre muitas outras relações que podemos ver nos dias de hoje: patrão-empregado, marido-esposa, filhos-pais, e perguntar a nós mesmos se estas relações também não nos privam da liberdade.

Por enxergar o antes, o agora e talvez o depois numa linha de tempo, o Homem, além de poder estudar sua própria história, também pode ver-se inserido nela, de perceber as transformações que ocorreram na sociedade e também como muitas mudanças não são totalmente compreendidas no momento, apenas após a consolidação das bases para que todo resultado pudesse ser visível. Desta forma, vemos que as transformações, em particular da sociedade brasileira (em que se baseia o ensaio de Freire), levam tempo para ocorrem, e muitas vezes são imperceptíveis. Entretanto, quando muitas “revoluções” causadas por “delinqüentes” começam a ocorrer, ou então muitas ações envolvendo “desordeiros” fazem-se sentir, nada mais são do que sinais de uma sociedade em trânsito, em uma mudança com o povo e não sobre ele. Mas será que isso aconteceu no Brasil?

Ocorre no Brasil que sua inexperiência democrática ou política, especialmente das camadas mais baixas, favorece o crescimento da opressão pela bondade: através de favores as camadas mais humildes cedem sua liberdade, acomodam-se desta forma e não criam uma consciência crítica capaz de retirá-lo desta posição, e esta situação prolonga-se desde a época colonial. Desta forma, as idéias de Paulo Freire para educar o povo de modo a torná-lo crítico vai contra muitos interesses da elite dominante, que prefere manter o atual status quo, impedindo que uma ação democrática, que só pode ocorrer com o consentimento do povo e com suas próprias mãos, possa ocorrer.

A educação deve ser prioridade para que cada indivíduo possa ser crítico e enxergue os problemas e as soluções para suas questões e as do povo, fazendo-o mudar de atitude frente à realidade que o cerca. A educação atual segue muito a repetição de modelos, ditando idéias sem discuti-las, trabalhando sobre o educando e não com ele, como muito enfatizado em Pedagogia do Oprimido.

Entretanto, mesmo com a conscientização da importância da educação, e mesmo consciente da importância da educação para formação do ser humano, fica a questão sobre a verdadeira liberdade que é-se alcançada através desta: não haverá influência, formatação do indivíduo através de pequenas sugestões, suprimindo-o da real liberdade para criação de sua própria observação do mundo? Mesmo com a explicação de sua técnica de ensino e como pode alfabetizar uma pessoa em pouco tempo de forma crítica, resta esta última questão.

Sites Interessantes

http://www.vinhedogourmet.com.br/

Para quem estiver a fim de vinhos, boa música, shows e exposições, vai aí uma dica do Ulisses.

Neste fim de semana rola a 4a Edição do Festival Gastronômico Vinheod Gourmet, em Vinhedo-SP. Mais informações pelo site acima.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

LIVROS - CHINA, O RENASCIMENTO DO IMPÉRIO

Cláudia Trevisan foi correspondete da Folha de São Paulo durante um ano na China (2004-2005), encontrando um país totalmente diferente do que imaginava, apesar de ter analisado seus aspectos econômicos e sociais anteriormente à viagem.

Já nas primeiras páginas, ao estilo de O Mundo é Plano, de Thomas Friedman, Trevisan relata sua experiência, quase que num tom confessional, sobre tudo o que sentiu desde o dia que chegou em Pequim e os demais dias de seu trabalho e lazer, misturando textos com seu ponto de vista com textos jornalísticos, comparando muitas vezes as culturas chinesa e brasileira para que o leitor tenha uma base de como foi o choque cultural. Este choque, aliás, inevitável, ainda mais em se tratando de ocidente e oriente.

Exemplo claro deste choque cultural enxerga-se na surpresa da autora ao se deparar com os hutongs, espécie de cortiço familiar (impressão pessoal) onde privacidade é uma palavra quase que desconhecida aos olhos ocidentais. Além disso, realiza um vôo rápido a respeito de diversos pontos, como o tipo de banheiro público, a ocidentalização, o sucesso latino, os grilos como mascotes preferidos, as olimpíadas de 2008, a superstição, o guanxi, que é uma espécie de rede de relacionamentos criado exclusivamente com o intuito de interesses, etc.

Entretanto, nesse sobrevôo, o que é passado de mais interessante, pelo menos em termos empresariais, é observar o boom da construção: a China está crescendo, transformando outroras vilarejos em modernos centros, numa fome de lucratividade e numa corrida para serem os primeiros, senão o primeiro, do mundo, em termos econômicos e industriais, numa bolha que especialistas dizem estar longe do fim. Mas esse crescimento gera outros problemas, como conflitos com moradores dos hutongs, que estão sendo desapropriados para que novos prédios sejam construídos; aumento da poluição com o aumento do número de carros e incremento no número de portadores do vírus HIV devido à falta de informação sobre prevenção.

Xangai é a melhor cidade para representar o crescimento chinês, de acordo com a autora. Em muito o Partido Comunista auxiliou na transformação da cidade, com sedes de importantes empresas transnacionais, especialmente automobilística, tornando-se a Detroit da China. Outro destaque da China é sua necessidade de ostentação, talvez devido o PCC ter que entregar o poder em alguns anos e querer oferecer uma boa estrutura para não perder o posto, talvez pela própria necessidade de aparecer ao mundo.

Porém, o Partido Comunista permance com alguns vícios, como a prisão de ´dissidentes´ que ameacem o sistema, sob desculpa de insanidade, e censura dos meios de comunicação. Fora isso, o apoio a países com regimes democráticos duvidosos ou envolvidos em conflitos, somente devido à necessidade da matéria prima que esses países fornecem, causam certo desconforto por parte dos países ´democráticos´ poderosos. Somado tudo isso ao seu fortalecimento militar, especialmente devido ao caso Taiwan, há um certo temor velado de que a China possa tornar-se uma nação que influencie diretamente todas as decisões mundiais, seja pela forma econômica como anda sendo, seja pela força, como pode ser, como foi e é o caso dos EUA, pricipalmente na segunda metade do século XX.

A China renasceu, depois de um soluço entre o começo do século XIX e metade do século XX. Renasceu controlando uma nação diversa, com uma enorme rixa contra o Japão devido à Segunda Guerra Mundial, com um governo não democrático que distribuiu o desenvolvimento e parte da riqueza, que deu as cartas no jogo para atingir seus objetivos. As empresas estrangeiras que se instalaram no país precisavam se associar com alguma empresa local ou oferecer transferência de tecnologia o que, num momento, torna-se prejudicial à própria empresa, que verá o surgimento de um concorrênte em potencial, mas isso é a única forma de entrar no grande mercado chinês.

Friedman ofereceu uma visão da China para os leitores americanos, deixando passar um fator importante em se tratando de negócios com outros países: a cultura. Ao mostrar desde a habilidade de dirigir até o jeito dos banheiros, Trevisan não ofereceu apenas um lado curioso da China como também tentou explicar que tudo aquilo faz parte da história de um povo, ou de vários povos, que resultou naquela nação. Trata-se da adaptação de novas habilidades convivendo com antigos costumes. E nisso o autor americano deixa transparecer sua própria cultura, a de focar-se sempre no seu próprio umbigo, ao contrário da brasileira, que, além de focar o lado de fora, buscou comparar com o lado de dentro. Mesmo inserindo fatos que fugia do escopo do livro, a obra em si retrada o essencial da China para o Brasil e também de como as políticas nacionais vêm pecando não de hoje, mas há muito mais tempo, e que de nada adianta surgir um governo hoje que prometa a metade do crescimento chinês em quatro anos se isso a China o fez em mais de duas décadas de planejamento e organização.

terça-feira, 15 de julho de 2008

ATENÇÃO 2

Aos poucos estou acertando as coisas...

Os arquivos deste blog serão revisados e destinados para outro blog. E o que sobrará para este?Será o que o próprio nome se refere: entre imagens.

Abraços aos leitores

http://apedoale.blogspot.com

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ATENÇÃO

Estou remodelando algumas coisas. Ainda não sei se manterei este blog em funcionamento.


E não, não estou fazendo isso por causa do mendigo...

sábado, 5 de julho de 2008

Conto - O Mendigo - Parte II

Minha mão atravessou o trapo humano, a bola e o menino atravessaram o trapo humano, as câmeras do condomínio não gravaram o trapo humano, só eu via o trapo humano!! Por quê? Por quê? Por quê?


Nem a cerveja nem Jack Daniel´s me ajudaram a recompôr as idéias. Nem mesmo voltei para meu apartamento. Passei a noite num pequeno hotel próximo da avenida Paulista. O que era aquilo, eu teria enlouquecido? O mendigo não existia? E como era possível que eu tivesse sentido o cheiro, que eu visse aquele trapo humano no chão???


O que Freud poderia dizer de uma situação destas? Provalvemente que eu ignorei minha mãe e por dentro estava me sentindo um miserável... ou me sentia um miserável porque eu sentia atração pela minha mãe... cara, às vezes Freud mais complica do que explica...


Muito bem, vamos raciocinar: meu apê fica perto da Liberdade. Liberdade, bairro oriental. Oriente, Japão. Japão, muitas histórias de espíritos. Sim, pode ser. O Alexandre é que gosta dessas histórias, ele é que ia gostar disso. Mas nunca vi mendigo japonês. Ainda mais mendigo fantasma japonês...


Bom, tem uma rua perto do apê que é a Rua do Bixiga. Bixiga remete à italianos. Fantasmas italianos. Mas fantasma italiano é coisa que nunca ouvi falar, pensando bem. Sei dos fantasmas japoneses por causa daqueles filmes de terror, dos fantasmas americanos por causas de outros filmes, de espíritos franceses, de reis da Espanha e de Portugal, do lobisomem americano em Londres... mas fantasma italiano...


Ok, Brasil, São Paulo. Vejamos. Zé do Caixão. Sim, tá mais para cara dele. O trapo humano, o cheiro desgraçado de urina e fezes, São Paulo. Hum... não, ainda falta as pragas dele, e o mendigo só roncava...
Pelo amor de Deus, estou delirando aqui, tentando achar uma explicação para aquele mendigo. O que ele pode ser? O que ele pode não ser? Ou será que o problema não é ele, sou eu? Eu estou ficando louco? Ou algo parecido?


Continua

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Conto - O Mendigo - Parte I

Me mudei para São Paulo há cerca de 4 meses, e durante todo esse tempo só tinha uma reclamação quanto à minha vizinhança: um mendigo que dormia perto do portão do prédio onde fica o meu apartamento.


Reclamação porque todos os dias saio cedo e vem aquele cheiro de urina e fezes debaixo daquele cobertor cinza e carregado de moscas. Nem sabia se o cheiro era do mendigo ou de seu cobertor, só sabia que me incomodava. E quando voltava para casa, lá estava ele, estirado no mesmo lugar, dormindo como se não houvesse nada de errado.


Como eu sempre saia cedo e voltava tarde, era difícil ter contato com algum outro morador. Conseguia conversar apenas com o porteiro, de sábado, mas aparentemente minha reclamação nunca ia para frente: ninguém reclamava daquele mendigo, somente eu. Eu achava que ele dizia isso por ser apenas um porteiro que nem morava lá, que entrava e saía do serviço e nunca chegava a encontrar com o trapo humano na calçada.


Minha rotina ainda era estressante, até que consegui uma semana de folga do serviço e podia finalmente colocar meus outros afazeres em dia. E um desses afazeres era ter uma conversa direta com o síndico...


O síndico era um homem gordo, careca e com um grande bigode. Era de voz calma e aparentava ser uma pessoa muito simples. Expliquei o que me incomodava, que aquele mendigo era um perigo para a segurança do prédio, que ninguém havia comentado sobre a presença dele quando eu havia comprado o apartamento. O síndico escutou-me com atenção, disse que entendia perfeitamente minhas razões, porém não podia fazer nada: ninguém mais tinha aquela reclamação.


Para que eu não perdesse meu tempo, ele peguntou as horas que eu costumava chegar, para ver se encontrava o mendigo para proibí-lo de dormir lá. Agradecido, sai como se um enorme peso fosse tirado das minhas costas e dormi tranquilo naquela noite.


No dia seguinte, encontrei-me com o síndico no corredor, e perguntei sobre o mendigo. Nada. Nenhum mendigo apareceu naquela noite. Teria já ido embora? O síndico disse que ficaria de olho aberto e despediu-se de mim, e tomei meu rumo para o elevador. Precisava fazer algumas compras. Nem lembrava mais como era sair daquele prédio sem sentir aquele cheiro horrível no portão.


Acenei para o porteiro e empurrei o portão. Não era possível! O cheiro horrível novamente. Olho para a calçada. Lá estava o mendigo, encostado na parede, coberto pelo cobertor cinza, envolto em sua nuvem mal cheirosa.


Entrei e fui direto falar com o porteiro. Avisei sobre o mendigo. Mandei que chamasse o síndico. Eles tinham que fazer alguma coisa.


"Não tem ninguém aqui" - disse o porteiro, olhando para os monitores de segurança. Teria ele já ido embora?


"Não se preocupe não, moço, que daqui eu vejo tudo que acontece na rua!"


Novamente, mal o portão abriu, senti o cheiro. Olhei para o canto. Lá estava ele, o mendigo. Chamei o porteiro. Demorou um pouco antes dele aparecer.


"Viu o mendigo na rua, moço?"


"Na rua o quê, ele tá aqui!"


"Aonde, moço?"


"Ali, no chão!"


"Não tem ninguém, moço!"


"Como, não tem ninguém se eu tô vendo?"


"Na câmera não aparece ninguém!"


Aproximei-me do mendigo. O desgraçado ainda roncava. Tinha que ser problema com a câmera. Dei um chute para ver se ele acordava.


"Acorda aí, vagabundo, aqui não é lugar de dormir!"


Nada. Estaria morto? Ainda com o pé tentei tirar o cobertor, porém ele não saiu. O mendigo movimentou-se. Ele estava vivo. O porteiro apareceu no portão.


"Achou o mendigo, moço?"


"Olha aí, não tá vendo?"


"Moço... não tem nada aí..."


"Como é que é?"


"Não tem nada aí, moço..."


"Você está de brincadeira comigo, porteiro! Olha o cara aí!"


"Não é brincadeira não, moço..."


"Olha o cara aqui..."


Mal terminei minha frase e uma bola atravessou o corpo inteiro do mendigo, chegando aos pés do porteiro. Um menino veio correndo pela calçada, passou por cima do trapo humano e foi recuperar sua diversão. Não, minto. O menino não passou por cima. Ele passou através, igual a bola.


"Menino... o que você está vendo aqui nesse canto?" e apontei para o mendigo.


"Hum... nada..."


"Como, nada? Não está vendo nada aqui?"


"Não... o que é que tem para ver?"


Agachei e tentei pegar o cobertor imundo, já ignorando aquela brincadeira dos dois. O mendigo teria que ir embora de qualquer jeito. Porém, da mesma forma que a bola e o menino, minha mão atravessou o trapo humano como se não existisse. Levantei rapidamente, encarei o porteiro e o menino e sai em disparada para o bar mais próximo. Eu só podia estar sonhando ou ter bebido de menos...


Continua

Sonho - Corte com buraco

Ontem sonhei que estava numa rua, jogando estrelas ninja nos carros que passavam junto com algumas pessoas. Parecia até um tipo de competição, como garotas versus garotos. Até que chegou uma hora e todos resolveram ir embora. Eu ia também, mas tinha um prédio do outro lado da rua que me chamou a atenção.
Comecei a atravessar a rua, sem olhar para os lados, pois sabia que nenhum carro estava passando por lá, apesar de minutos antes aquele lugar era um verdadeiro corredor em alta velocidade.
Entrei no prédio. Parecia um restaurante antigo, ao estilo coreano. Pelo menos haviam caracteres coreanos numa parede. O lugar parecia um restaurante, com suas mesas vermelhas e espelhos nas paredes, mas na verdade era uma barbearia. Um velho senhor, coreano, veio me atender, e eu disse que queria cortar o cabelo. Alguma coisa me dizia que eu devia ter receio em cortar cabelo ali, pois não devia confiar naquele senhor, mas ao mesmo tempo havia algo que dizia exatamente o contrário.
Então, me indicando a cadeira para sentar, ele perguntou qual corte eu queria, a com buraco ou sem buraco. Como não entendi a pergunta, ele foi até a parede que dava para a porta de entrada e tirou uma fotografia de trás de uma cortina vermelha, coisa que até então não havia reparado. E ele mostrou uma foto em preto e branco, daquele mesmo lugar, com três homens e uma mulher, felizes. Ele mostrou dois deles e disse que era daquele jeito o corte com buraco, mas continuei sem entender, porém não demonstrei minha dúvido naquele momento porque outra coisa havia chamado minha atenção.
Perguntei se ele conhecia as pessoas na foto, e ele disse que sim, que eram pessoas que foram muito importantes em sua vida, que o apoiaram num momento difícil. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Era uma foto dos meus pais e mais dois parentes meus. Quando disse isso, o senhor também ficou espantado e alegre, e então notei as outras fotos presente atrás da cortina. Havia uma foto que pude reconhecer alguns primos, outra, aparentemente, era uma foto onde eu também aparecia, ainda criança, carregado por alguém, na época em que morava na chácara.
Não perguntei ao senhor no que meus pais o ajudaram. Sabia que estávamos próximos de um aeroporto, que isso podia ter algo a ver com toda história. Mas era só isso que sabia. E então acordei.
Aquela foto eu nunca vi em casa, mas eram realmente meus pais, mais jovens, e mais aqueles dois parentes que vez ou outra aparecem nas festas de família. No sonho, o velho senhor começou a cortar meu cabelo "com buraco", mas não cheguei a ver ou entender o que isso significava. Nem que favor meus pais fizeram por ele.
Só sei que o senhor esqueceu de colocar o avental, e minha roupa ficou com cabelos cortados...

Pensamentos Diversos

Sabe quando você está com sua cabeça a mil, com várias idéias saltando, com vários projetos sendo montados ao mesmo tempo, vários ideais, porém tudo isso esbarra em alguns obstáculos e não podem ser executados? Ontem eu estava assim, com um monte de coisas na cabeça mas sabendo que havia várias coisas me impedindo de continuar... teve até gente achando que eu estava com outra pessoa na cabeça ao invés disso...


Estava pensando em como montar um site legal. Isso é só questão de tempo. E que devo colocar marca d´água nas minhas fotos. Eu tenho a ferramenta para isso, mas só me falta o tempo útil. Também preciso organizar melhor meus documentos. E preciso estudar a matéria da pós. E ainda tenho que trabalhar. E para piorar ando num estado de depressão e às vezes de fossa que tá de matar...


Sei que reclamar não adianta muita coisa e que agir é a melhor solução. E é isso que eu tento fazer, mesmo sozinho, mesmo apanhando de um lado, sendo surrado por outro, eu preciso continuar. Tem vezes que eu acho que ninguém me entende, outras vezes eu tenho certeza disso. É realmente f$%#...



Isso tudo me lembra as palavras da minha amiga Joyce. Ela disse que sabia quais eram os problemas dela, mas que nunca conseguia resolvê-los, ao contrário de mim, que nunca sabia quais eram os meus problemas, mas mesmo assim sempre os resolvia. Complicado...