Entre Páginas

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Diário de um Republicano - Insônia

“Faz mais de uma semana que passo as noites em claro, sem saber quando conseguirei encontrar minhas deusas oníricas novamente. A escuridão e a luz não fazem mais diferença para estas lentes jovens e cansadas, nem o frio da manhã ou o calor da tarde: tornei-me um insensível.

Um insensível. Quem quer que venha conversar comigo, seja amigo, inimigo, gata, canhão, criança ou adulto, eu ignoro todos, e se me tocarem, torno-me um animal, arranco-lhes a pele com os dentes, devoro suas entranhas sem dó nem piedade.

Insônia, meus olhos afundam em minha face, torno-me um cadáver que só não perdeu a cor por ainda comer alguma coisa (mesmo não havendo nada para comer). Insônia que tem nome, que tem hora, que tem dia para nascer e tem dia para morrer. Insônia, chamo-te de dias de prova, de exame, de relatórios e de trabalhos. E logo chegará a data de tua morte, Insônia, o dia depois da entrega desses amontoados de tarefas que sempre consigo deixar para última hora...”

Nenhum comentário: